segunda-feira, 25 de março de 2024

 

Da Cultura a nível local

        No passado dia 1 de março, e como habitualmente desde há 34 anos, participei no Fórum Avintense, acontecimento notável à escala local, resultante do empenhamento de algumas coletividades, mas desde o início assumido pela Junta de Freguesia. Nem no restante Município de Vila Nova de Gaia, nem mesmo no País, haverá iniciativas semelhantes com tamanha persistência, não obstante aqui terem começado a ser promovidas logo em 1983 com a criação, por professores e alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, do então Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia. Lembro-me ainda que o historiador Fernando Peixoto, quando foi presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha, no ano de 1999 promoveu algo semelhante de que se publicaram as respetivas atas, mas que da segunda edição, tendo entretanto aquela autarquia mudado de presidente e de orientação política, já o mesmo não aconteceu. Em Mafamude, em tempos mais recentes, uma coletividade, em colaboração com a respetiva Junta de Freguesia, também organizou um colóquio sobre a História Local, com o contributo dos investigadores do Gabinete de História, Arqueologia e Património da Confraria Queirosiana, mas cujas prometidas atas jamais foram publicadas, sendo as comunicações dispersas por várias publicações. E nada mais. No que diz respeito a este Fórum Avintense as atas têm vindo a ser publicadas, tendo sido agora lançado o livrinho referente às apresentadas em 2015.

            Não se trata de um encontro de profissionais de nenhuma das áreas do saber, mas sim de cidadãos que, independentemente da sua formação de base ou profissão, entendem dever apresentar ali os seus conhecimentos, reflexões, opiniões ou anseios sobre diversos aspetos da vida local do passado e do presente, e mesmo os quereres de futuro, em generoso convívio de testemunhos e diálogos, mesmo quando eles estão à partida inquinados por um exacerbado bairrismo muito próprio das comunidades eivadas de desnecessários autoelogios, como é o caso de Avintes, terra da famosa broa, de um não menos famoso rosé e de outros mimos enogastronómicos, para além de escultores e outros artistas, de Adriano Correia de Oliveira, do Teatro amador e do novelista José Vaz, entre muitas outras referências. As coisas são o que são e valem o que valem e certamente muito para os naturais e, quantas vezes, também para o mundo.

            Este ano o mote do encontro foi «Avintes: o antes e o depois do 25 de Abril de 1974», empenhada que está a sociedade portuguesa em refletir sobre o meio século que já passou sobre aquela transformadora data. Para além de vários memorialistas locais, alguns historiadores profissionais quiseram também estar presentes, nomeadamente João Luís Fernandes do Solar Condes de Resende, que apresentou um estudo de História da Arte sobre uma tela pintada com uma pouco habitual Ceia de Cristo do século XVII ou princípios do seguinte, encontrada nas obras de recuperação da Quinta da Agraceira, e eu próprio que apresentei a comunicação «A Cultura a nível local, antes, após o 25 de Abril e hoje. Conceitos, instituições e agentes», assunto difícil de sintetizar num quarto de hora, mas de que ficou a metodologia para continuar a apresentá-lo e a debatê-lo noutros espaços com mais vagares, que o assunto merece uma reflexão profunda e eu próprio fiquei com uma desiludida constatação quando me pus a trabalhar os dados: a Cultura em geral, e mormente a nível local, pela voz e convicção dos partidos políticos, de um modo geral, ainda não saiu do infantário, ainda não evoluiu do joguinho de habilidades, do fait divers, da coleção de inutilidades, da literatice, do bonito anel artístico para por no dedo das conveniências. Para a maior parte deles, a Cultura são os “artistas”, as “coletividades”, as velhinhas a tocar cavaquinho, os jovenzinhos a arremedar os festivais da Tv, os “amadores”, o senhor que faz sonetos e o que toca sonatas, ou sonoridades várias, sonolências diversas e diversas banalidades. Desprezam o trabalho e as produções dos profissionais e acham que Cultura é inspiração ou mesmo “dom com que se nasce”, e sempre coisa muito diferente da Ciência, aquela chatice vária que é preciso estudar. Para tal analisar recorri aos textos dos manifestos políticos dos partidos candidatos às autarquias para o mandato 2021-2025, mas nem sempre tive sorte, pois embora o mandato ainda decorra, já nem todos estão disponíveis na Internet. Mas mandei um e-mail a todos os partidos a solicitá-los e alguns responderam afirmativamente. Outros não, nada. Para colmatar essa ausência em relação aos partidos dos quais não consegui aquele manifesto, recorri aos textos dos programas eleitorais para as Legislativas de 2022. Afinal o que eu procurava era simples e universal: que conceito ou conceitos tinha cada partido de Cultura; quais as instituições que conhecia e qual a opinião dobre o seu funcionamento; quais os agentes que considerava para o desenvolvimento do setor, a nível de profissionais, semi-profissionais e amadores, e da sua relação com os diferentes públicos.

Para haver o menos equívocos possíveis num setor que muito a tal se presta, comecei por apresentar o conceito de Cultura tirado da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (VIII: 222 e 224) dirigida por António Sérgio, como sendo um «exercício, aperfeiçoamento das faculdades intelectuais… Conjunto de conhecimentos de alguém; instrução. Vida intelectual, ou pensamento crítico e reflexivo do indivíduo, de uma época ou de um país», advertindo que este conceito não era o único. Depois apresentei uma elencagem das diversas áreas da Cultura, mas temendo que alguém a quisesse continuar a reduzir às Artes, à Literatura e pouco mais, “pondo fora” as Ciências, socorri-me das atas do colóquio «A Ciência Como Cultura» realizado em Lisboa em 1992 sob a égide do Doutor Mário Soares, então Presidente da República, cujas lições permanecem atuais. Depois falei nas diversas instituições existentes antes daquela data e das criadas já em regime democrático e do facto de Vila Nova de Gaia não ter querido ter no seu território uma universidade privada nos anos oitenta do século passado. Não me ficou quase tempo nenhum para analisar o que sobre tudo isto pensam (ou não pensam…) os partidos políticos candidatos à administração autárquica e por isso de tal falarei noutra oportunidade. Mesmo assim concluí: «A Cultura é para todos. Todos nela somos bem-vindos. Mas a Cultura, como as outras áreas do saber humano, também tem profissionais. E, como também acontece noutras áreas do saber, sobre Cultura convém ouvir os profissionais, os que para tal estudaram, dela sabem os conceitos, trabalham nas instituições que a produzem e são os seus principais agentes».

            Não, por agora não concluirei que «a ciência realmente só tem alcançado tornar mais intensa e forte uma certeza – a velha certeza socrática da nossa irreparável ignorância. De cada vez sabemos mais – que não sabemos nada» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas, O bock ideal). Nós, os profissionais da Cultura, já sabemos algumas coisas úteis e belas, e por isso é bom que nos distingam dos trampolineiros.

 

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

 


                                                A equipa que transportou e recebeu o espólio; fotografia de Ana Neves

Espólio do escritor José Rentes de Carvalho

         No passado dia 13 de março, vindo de Amsterdam em dois furgões, chegou à sede da associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana, no Solar Condes de Resende, Vila Nova de Gaia, o espólio do escritor José Rentes de Carvalho por este oferecido à associação através de «Declaração de cedência de espólio pessoal» assinada a 24 de agosto de 2024 e pela qual esta passa a ser proprietária da totalidade do dito espólio, salvo disposição contrária prevista em lei aplicável. Comprometeu-se a mesma a mantê-lo como um todo, devidamente inventariado e disponível para investigação e divulgação nas melhores condições, mencionando sempre a sua proveniência, tendo como curadores do mesmo Joaquim António Gonçalves Guimarães, doutor em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e Maria de Fátima Teixeira, mestre em História Contemporânea pela mesma faculdade, enquanto estiverem ao serviço da associação. Para além da sua divulgação e utilização públicas, sempre que solicitada a entidade beneficiária dará conta do seu estado, localização e utilização ao doador ou aos seus representantes legais. Para além da sua exposição parcelar no Solar Condes de Resende, a associação vai concorrer a formas de mecenato para proceder à inventariação arquivística e disponibilização digital, para além da publicação de um catálogo exaustivo.

            No próximo dia 4 de abril a associação vai organizar uma sessão simbólica de receção deste espólio no Solar Condes de Resende, que contará com a presença da vereadora do Pelouro da Cultura e da Programação Cultural, Eng.ª Paula Carvalhal, em representação do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, além do responsável pelo serviço, Dr. João Fernandes, membros dos corpos gerentes, associados, amigos e admiradores do escritor.

            Entretanto já em 22 de dezembro passado a Câmara Municipal de Mogadouro tinha aprovado um voto de louvor ao escritor por ter sido considerado “Personalidade do Norte 2023” pela CCDR-Norte, estando prevista a inauguração de uma sua estátua nesta localidade em 31 de maio próximo.

 

Assembleia geral da ASCR-CQ



                                    A mesa a dirigir os trabalhos da assembleia geral; fotografia de Fátima Teixeira

No passado dia 21 de março realizou-se no Solar Condes de Resende a assembleia geral ordinária desta associação sob a orientação da mesa composta pelo presidente Sr. César Oliveira, ladeado pelos secretários, Prof. Doutor Nuno Resende e Dr. Henrique Guedes, a qual aprovou o relatório e contas referentes a 2023, apresentados respetivamente pelo presidente da direção Prof. Doutor José Manuel Tedim e pelo secretário Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães, tendo as contas sido apresentadas pelo tesoureiro Dr. Manuel Moreira e o parecer do conselho fiscal pelo seu presidente Dr. Manuel Filipe Dias de Sousa. A assembleia aprovou ainda um voto de louvor à direção pelo trabalho desenvolvido no ano transato.

 

A ASCR-CQ em Lisboa

Entre os dias 14 e 17 de março passado o secretário da direção esteve em Lisboa em contato com várias entidades e associados que têm a ver com diversos programas em desenvolvimento pela associação. Assim, no dia 15, logo pela manhã, visitou o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa em Campolide, onde foi apresentar o programa do próximo curso que decorrerá a partir de outubro no Solar Condes de Resende sobre as circunstâncias do 25 de Abril, as suas origens, desenvolvimentos e aspetos mais particulares a serem tratados por historiadores daquele Instituto que sobre tal têm produzido investigação.

Nesse mesmo dia, às 21 horas, J. A. Gonçalves Guimarães foi recebido na Sala de Convívio do Lote 398, em Olivais, bem perto do Agrupamento de Escolas Eça de Queirós, num clube de condomínio fundado em 1976 e presentemente dirigido pelo Dr. Fernando Murta Rebelo e pela Dr.ª Ana Cristina Henriques, que ali desenvolvem um incidente programa cultural, conforme o atestam muitas fotografias, diplomas, livros e outros objetos expostos na sala e o descreve uma interessante publicação que conta a História desta associação. Com uma sala cheia, tendo na assistência os confrades Dr. Manuel Nogueira e Dr. César Veloso, e também a Dr.ª Rute Sofia Florêncio Lima de Jesus, presidente da Junta de Freguesia de Olivais e outros elementos da autarquia local, que assistiram à conferência, o orador falou sobre «Roteiros Queirosianos em Portugal e no estrangeiro», seguida de animado debate.

No dia seguinte, 16 de março, J. A. Gonçalves Guimarães e Manuel Nogueira representaram a ASCR-CQ na assembleia geral e encontro nacional de grupos de amigos filiados na Federação Portuguesa dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP), que decorreu no Palácio Fronteira e Alorna, com a presença do presidente da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Dom António Maria Infante da Câmara Mascarenhas, do vice-presidente, Dr. Joel Moedas Miguel, da presidente da sua associação de amigos, Dr.ª Maria Berta Marques Bustorff da Silva, da presidente da direção da FAMP, Dr.ª Maria do Rosário Alvellos e do Prof. Doutor Mário Antas, representante da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.. Na assembleia geral para aprovação do relatório e contas foram ainda referidas as relações da FAMP com o Conselho Nacional de Cultura, a Museus e Monumentos de Portugal, de cujo conselho consultivo faz parte, o Instituto do Património Cultural, a WFFW – World Federation of Friendes of Museums, que instituiu o 2.º domingo de outubro como o Dia Europeu dos Grupos de Amigos, a realização de encontros de jovens, e as relações com o ICOM e a APOM.

Depois de uma visita ao Palácio e do almoço na sala de jantar do mesmo, decorreu na Sala das Batalhas o encontro das associações presentes, com intervenções dos representantes dos grupos de amigos da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Museu do Ar, Museu Nacional do Azulejo, Monserrate, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional Machado de Castro e Solar Condes de Resende. Sobre esta última instituição, fechou o encontro a comunicação a cargo do secretário da ASCR-CQ que ali explicou o seu funcionamento e propósitos.

No dia seguinte, e antes de regressar a Vila Nova de Gaia, o secretário teve ainda oportunidade de reunir com o vice-presidente da direção, Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, em vésperas deste partir para uma nova visita guiada ao roteiro queirosiano do Egito, sobre vários aspetos da vida da associação e do número da Revista de Portugal para o presente ano.

 

Curso sobre História Local e Regional



                    O Coronel Velludo (Prof. Doutor Sérgio Veludo Coelho): fotografia de Maria de Fátima Teixeira


Prosseguem no Solar Condes de Resende as aulas, presenciais e por videoconferência, do curso livre «40 anos depois: História Local e Regional» evocativo das 1.as Jornadas de História Local e Regional realizadas pelo Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia em 1983. No sábado 02 de março o Prof. Doutor Barros Cardoso da FLUP falou «Nas origens das ideias iluministas – “luzes e sombras”» que estiveram no dealbar da Europa e do Portugal contemporâneos, e no sábado 16 de março o Prof. Doutor Sérgio Veludo Coelho, do IPP, apresentou uma aula sobre o tema «Entre Corcundas e Malhados», na forma de stand up History, um conceito utilizado no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, mas pouco habitual entre nós, sob «a forma de palestra encenada e narrativa, usando uma imersão em primeira pessoa de alguém, real ou ficcionado, é um recurso de partilha de conhecimentos», neste caso sobre a Guerra Civil de 1828-1834. O próprio “Coronel Velludo” (o professor) e o uniforme com que se apresentou não são ficcionados, mas sim fruto de pesquisa e confeção de uma réplica, o mais cuidadosa possível, sobre um Oficial do Batalhão do Trem do Ouro, formado durante o Cerco do Porto a partir de efetivos do Batalhão de Artilharia Nacional, integrado no Exército Liberal.

No sábado 23 de março o Prof. Doutor José António Oliveira, também do IPP, falou sobre «Constitucionalismo oitocentista», sendo esta aula também complementar do curso n.º 27 sobre «Revoluções e Constituições», comemorativo dos 200 anos da Revolução de 1820 e lecionado em 2019/ 2020, o qual foi interrompido devido à pandemia quando faltavam duas aulas para acabar, e que agora assim se completa.


Palestras

Prosseguem no Solar Condes de Resende as palestras das últimas quinta-feira do mês, presenciais e por videoconferência. Assim no próximo dia 28 de março, o Dr. João Fernandes, historiador da Arte vai falar sobre «Uma Última Ceia da Quinta da Agraceira, Avintes». Como o dia 25 de abril é feriado em que a ASCR-CQ estará presente em diversas atividades comemorativas dos 50 anos dos acontecimentos que tornaram célebre a data, a palestra habitual decorrerá no dia 26 de abril, sexta-feira, sobre o tema «As minhas memórias de Salgueiro Maia» por J. A. Gonçalves Guimarães.

 

500 anos de Camões



A Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento vai realizar um vasto programa de celebração do 500.º Aniversário do nascimento de Luís de Camões, entre as quais a Exposição Universal da Matriz Portuguesa, como símbolo da vocação universalista da língua e da cultura portuguesas. A comissão executiva tem como comissário geral o Doutor João Micael e como comissária-geral adjunta a Prof.ª Doutora Annabela Rita da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo já aderido ao projeto, entre várias outras instituições e personalidades, o Grémio Literário, Lisboa, o jornal As Artes Entre As Letras, a Confraria Queirosiana, passando o seu presidente da direção, Prof. Douto José Manuel Tedim, a fazer parte da comissão de honra daquela exposição, e o Professor Doutor Guilherme d’ Oliveira Martins, da administração da Fundação Calouste Gulbenkian, que fará a conferência de abertura naquela primeira instituição no dia 4de junho pelas 18 horas.

XI Festeatro

         Com uma Gala no Auditório Municipal de Gaia, encerrou no passado dia 23 de março o XI Festival de Teatro Amador de Vila Nova de Gaia 2024, organizado pela Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia com o apoio do Município, o qual decorreu desde o dia 16 de fevereiro com atuações de 10 grupos de Teatro. Na ocasião foram agraciados pela organização todos os grupos participantes e homenageado o ator Fernando “Sousa” Moura, decano dos atores gaienses e elemento do Mérito Dramático Avintense. Entre muitos representantes das diversas coletividades e instituições locais, estiveram presentes a Eng.ª Paula Carvalhal pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, o Dr. Manuel Filipe, dos Auditórios Municipais de Gaia, e pela associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana o secretário da direção J. A. Gonçalves Guimarães e a Dr.ª Maria de Fátima Teixeira.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 187, segunda-feira, 25 de março de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Eça & Outras

O Livro dos Mortos do Antigo Egito

Para este ano de 2024 está prevista a edição monumental do livro Rumo à Eternidade - o Livro dos Mortos do Antigo Egito, muito a propósito dedicado «a todos os que tendo sofrido a angustiante fase da pandemia não sobreviveram e partiram rumo à eternidade» da autoria do conhecido egiptólogo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, que subscreve a introdução, tradução, comentários e notas desta edição. Doutorado em Letras (História e Cultura Pré-clássica) pela Universidade de Lisboa, onde fez a agregação em 2008, também aí se tinha licenciado em História, formação que depois complementou com um estágio de pós-graduação em Egiptologia na Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo. Tendo lecionado várias cadeiras da área de História e Cultura Pré-clássica e orientado teses de mestrado e doutoramento em História Antiga (na área de Egiptologia), é atualmente professor jubilado e investigador emérito do Centro de História daquela primeira universidade.

Tem participado regularmente em congressos e outros encontros científicos em Lisboa, Barcelona, Huambo (Angola), Cairo, Cambridge, Grenoble, Leiden, Haia, Budapeste, Moscovo, Quebeque, Madrid, Horssen (Holanda), Tenerife (Canárias) e Cuenca. É atualmente presidente do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia e da Associação de Amizade Portugal-Egipto, vice-presidente dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana (cuja Revista de Portugal dirige) e da Associação Portuguesa de Orientalismo, é também membro da Academia Portuguesa da História e da Associação Portuguesa de Escritores, Associação dos Arqueólogos Portugueses, Associação Portuguesa de Museologia, Sociedade de Geografia de Lisboa, Associação Internacional de Paremiologia, Associação Internacional de Egiptólogos, Conselho Internacional dos Museus e Comité Internacional para a Egiptologia (CIPEG),

Publicou o Dicionário do Antigo Egipto e A Escrita das Escritas, e é colaborador para revisões científicas de textos egiptológicos para várias editoras. Foi comissário científico da exposição de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia (1993) e da exposição do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (2011) e assessor científico de várias outras exposições, tendo procedido ao estudo das coleções egípcias públicas e privadas existentes em Portugal, estando parte desses estudos já publicada, como é o caso do núcleo da Coleção Marciano Azuaga que se encontra no Solar Condes de Resende. Conduz regularmente viagens e visitas de estudo ao Egito, Próximo Oriente e Meso-América e tem regido diversos cursos sobre arte, religião, literatura, topografia cultural e escrita hieroglífica.

Além de mais de trezentos artigos de temática egiptológica e queirosiana, entradas de dicionários e recensões em revistas de especialidade e de divulgação, publicou dezassete livros, entre os quais Eça de Queirós e o Egipto Faraónico; Imagens do Egito Queirosiano. Recordações da Jornada Oriental de Eça de Queirós e o Conde de Resende em 1869; As Pirâmides do Império Antigo; A Coleção Egípcia da Universidade do Porto; Os Grandes Faraós do Antigo Egito; Erotismo e Sexualidade no Antigo Egito; Arte Egípcia. Coleção Calouste Gulbenkian, e outros títulos esgotados ou já com reedições.

Havendo já em Portugal e no mundo diversas edições e glosas a este texto fundamental para se compreender o devir da civilização mediterrânica e de algumas das crenças e religiões posteriores até aos nossos dias, algumas delas algo distantes ou pouco consentâneas com os textos originais, as principais são aqui criteriosamente analisadas e comentadas, quer para os profissionais da matéria, quer para o público não iniciado. Edição profusamente ilustrada, apresenta antes da transcrição do texto egípcio os seguintes capítulos: «As origens do “Livro dos Mortos”»; «Os proprietários dos papiros»; «A estruturação do “Livro dos Mortos”»; «Os capítulos fundamentais da coletânea»; «O ka, o ba e o akh no “Livro dos Mortos”»; «Outros livros importantes do Além»; «Os primeiros e os novos estudos»; «Os textos funerários na história do antigo Egito» e «Normas de apresentação», como, por exemplo, sobre os nomes dos muitos locais da geografia aqui geralmente mantidos nas formas muito divulgadas oriundas da tradição grega. São também indicadas «as fontes e os recursos utilizados para apresentar cada um dos capítulos, referindo fontes de inspiração mais antigas como parágrafos dos “Textos das Pirâmides” ou fórmulas dos “Textos dos Sarcófagos”, sempre que elas existam, e depois os exemplares de papiros onde o capítulo consta, com a indicação do local onde o documento se encontra exposto ou guardado. Também podem ser mencionados outros suportes ou sítios onde existam fórmulas ou excertos, como por vezes ocorre em túmulos, blocos funerários inscritos, sarcófagos ou faixas de linho utilizadas para envolver as múmias» e, como é de norma, os apelidos dos vários autores consultados e as obras publicadas, com as páginas concernentes, antecedendo os comentários e as notas.

O autor desta edição teve em conta o conforto oftalmológico dos seus leitores e, por isso o texto vem impresso em corpo 12, os comentários seguem em corpo 11, e depois as notas no corpo 10. Nos seus 192 capítulos o leitor contemporâneo pode acompanhar os seus longínquos antepassados egípcios (qui ça?) nas fórmulas para, depois de morrer, «sair à luz do dia e viver depois da morte»; «para evitar trabalhar no reino dos mortos»; «para abrir o Ocidente à luz»; «para entrar e sair do reino dos mortos»; para se lembrar «do seu nome no reino dos mortos»; «para evitar a matança que se faz no reino dos mortos» e «para não morrer uma segunda vez» ou «para não comer excrementos e não beber urina»; «para poder beber água e não ficar queimado pelo fogo»; «para sair à luz do dia e abrir o túmulo»; «para impedir que a boca diga disparates»; «para se sentar entre os grandes deuses»; «para permitir que um homem possa regressar e ver a sua casa na terra»; «para escapar da rede»; «para não morrer de novo» e muitas outras interessantíssimas intenções. A edição é ainda enriquecida com o glossário, a bibliografia e o índice remissivo.

É certo que, tal como Eça de Queirós, cada um de nós poderá dizer: «Eu não sou um sábio, como se vê; não tenho a honra de distinguir Ramsés IV de Menephtah II, nem tenho intimidades com múmias, mas creio que o Egito é um país simples, luminoso e claro como a Grécia. Pelo menos não tem nada de misterioso nem de lúgubre. Poderá não ter esta opinião quem nunca foi ao Egito. Mas, diante do Nilo, fica-se com uma grande impressão de singeleza, e de claridade…» (Eça de Queirós, O Egito). E é essa claridade milenar que esta edição monumental do Livro dos Mortos de Luís Manuel de Araújo, cuja edição se avizinha como um verdadeiro acontecimento cultural da maior importância, vai colocar nas mãos de cada um dos seus leitores para o ajudar a sorrir para as difíceis questões da eternidade em cada um de nós. 

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Visita a Forjães, Esposende

Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende;
 fotografia JFE.

No dia 27 de janeiro, na sequência da palestra da última quinta-feira do mês de 29 de junho do ano passado sobre «Iconografia da História de Portugal em painéis azulejares: o caso da Estação de São Bento no Porto» pela Dr.ª Cristiana Borges Ferreira, e por diligência e empenho do Arq.º José Alberto Carvalho Couto, uma delegação da  associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana esteve em Forjães, Esposende em visita de estudo à Escola Alves de Faria e aos painéis de Jorge Colaço aí existentes, bem assim como à Igreja Matriz e a sua Arte Sacra antiga e contemporânea. A delegação foi recebida pelo presidente da autarquia local, Sr. Vitor Manuel Queirós Quintão e outros elementos do executivo, que acompanharam a visita e o almoço num restaurante local, tendo também a colaboração do Prof. Doutor Brochado de Almeida, ex-docente da FLUP, que magistralmente comentou o referido Património e outro da região que também será dado a conhecer em visita a programar aberta a todos os associados. 

Curso sobre História Local e Regional

        Prosseguem as aulas deste curso, presenciais e por videoconferência. Assim, no sábado 10 de fevereiro o Prof. Doutor Amândio Jorge Barros falou sobre «O rio Douro na expansão e descobrimentos portugueses» e no sábado 17 de fevereiro o Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva sobre «Reordenação Moderna do território de Portugal», o qual incluiu o antigo julgado de Gaia e o Termo do Porto, este último precursor medieval da atual Área Metropolitana.

Palestras, Conferências e Colóquios

Nas últimas quinta-feira do mês as palestras no Solar Condes de Resende, também presenciais e por videoconferência, têm contado com a colaboração de vários investigadores, veteranos uns, outros em início de carreira. Assim, no passado dia 25 de janeiro a historiadora da Arte Dr.ª Vera Gonçalves falou sobre o tema da sua dissertação de mestrado «[…] para gozo do público e consulta dos estudiosos: Diogo de Macedo sobre as casas-museu. O caso da coleção de Arte de Fernando de Castro» problemática atualíssima no panorama museológico português. No próximo dia 29 de fevereiro J. A. Gonçalves Guimarães abordará o tema «Dos navegadores portugueses e suas biografias: entre a História e a apropriação de mitos».

Reuniões e Celebrações

No dia 10 de janeiro uma delegação da nossa associação esteve presente na sessão solene do 112º aniversário do Centro Recreativo de Mafamude, coletividade com quem a ASCR-CQ tem estabelecido intercâmbio cultural desde longa data, tendo na ocasião sido falada a possibilidade de colaboração nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Nesta cerimónia foram distinguidos alguns formadores e atletas de várias modalidades, nomeadamente os de idades muito jovens, que se distinguiram em atividades locais, nacionais e internacionais.

Autores , Livros  e Revistas

No passado dia 8 de fevereiro no Palacete Conde de Silva Monteiro na cidade do Porto, onde a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes tem a sua sede e também a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), foi feita a apresentação pública da obra Quinta do Tamariz - Lugar de Vinhos com História, da autoria de António Barros Cardoso, ex-professor de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e atual presidente da direção daquela segunda instituição que, para além de monografias e atas de congressos sobre os vinhos portugueses, edita as revistas Douro, Vinho, História & Património. Wine, History and Heritage e Vinho Verde História e Património. History and Heritage. Este livro, com cerca de 300 páginas e que levou quatro anos a ser produzido, desde a inventaria dos arquivos da firma pela Dr.ª Sílvia Trilho até à redação e produção final, agora apresentada ao público interessado, apresenta a História desta propriedade emblemática da Região Demarcada dos Vinhos Verdes desde o século XVI pelos séculos fora até ao seu atual proprietário, Dr. António Borges Vinagre, presente nesta cerimónia e que muito bem se referiu à necessidade das empresas divulgarem também a História das suas persistências e dos seus sucessos. A ASCR-CQ fez-se representar por vários dos seus membros dos corpos sociais.

Integrado nas celebrações do Dia/Mês de Avintes foi lançado no Clube Recreativo Avintense o livro A Breve História da Pequena Pátria de Avintes da autoria do historiador José Vaz, uma compilação de datas, factos e imagens desde 917, a mais antiga referência escrita conhecida a esta freguesia gaiense, mais de mil anos da História compactados nestas 100 páginas de referências.

         Em distribuição o n.º 97 do Boletim da Associação Cultural Amigos de Gaia referente a dezembro de 2023, que apresenta artigos sobre as fundições artísticas de bronze em Vila Nova de Gaia, o pintor Abílio Guimarães, as toradas em Gaia no passado, a Quinta de Enxomil em Arcozelo, o futebolista João pinto e as atividades da associação no último semestre do ano transato.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 186, domingo, 25 de fevereiro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Eça & Outras

Eleições à porta e ao ferrolho

         Nada mais normal do que, em democracia, haver eleições livres de temos a tempos, nas quais o cidadão expressa a sua vontade, preocupações e ansiedades através do voto: para o seu representante no condomínio, para os dirigentes das suas associações e coletividades, para os órgãos autárquicos (câmaras municipais e juntas de freguesia, talvez em breve, também para as áreas metropolitanas e regiões); para os deputados à Assembleia da República, de onde sairá o governo da nação; para os deputados ao Parlamento Europeu, de onde continuará a sair uma ideia civilizacional da Europa face ao mundo; alguns outros para serem eleitores e eleitos em órgãos internacionais. Creio bem que já não interessa à gente informada o voltarmos a repisar a história da democracia e do direito ao voto e de quantos se bateram e morreram por ele e a sua respeitabilidade; só não conhecerá essa luta civilizacional quem não quer e, nesse caso, não valerá a pena perder tempo com ignaros. Se são assim para um gesto tão fundamental, sê-lo-ão igualmente para outras coisas. Cínicos, dirão certamente que têm o direito a serem apáticos sociais: mas também nós, os cidadãos participantes, temos o direito de os desconsiderar e remetê-los para o caixote do lixo das humanas causas. Sempre com a esperança de que assistentes sociais, psicólogos e outros agentes de educação pública os consigam regenerar e integrar na sociedade que, por ignorância, preguiça ou desleixo endócrino, desdenham.

         Como vamos de novo entrar num dos habituais ciclos eleitorais e como costumo ser convidado para apoiar este ou aquele candidato ou partido, permitam-me partilhar algumas premissas que a mim próprio coloco para essa participação. E podem crer que, mesmo quando elas se não verificam, nunca deixei de participar ativamente. Não sou dono sequer da minha própria democracia, posso estar errado nos pressupostos enunciados e a vontade coletiva é a que vigora, mesmo quando não concordo com ela. E não vejo que possa ser de outro modo. Mas o melhor é começar por definir princípios em abstrato, se bem que eles venham depois a ser defendidos, ou não, por pessoas concretas. E por isso há que confirmar, a priori, se as pessoas em quem penso votar serão capazes de defender os princípios em que acredito. Faço o possível por saber quem são os candidatos naquilo que deles deve ser público: que profissão exercem e se nela são eficazes; o que, entretanto, fizeram até aos dias de hoje; se conhecem e respeitam a comunidade que os elege; e, só então, quais os princípios que dizem defender. Não voto em quem não têm profissão, ou que não se sabe qual ela é (político e outras ocupações hoje muito na moda não as considero profissão…); não voto em fracassados, inadaptados ou pessoas “com muito jeitinho para”; não voto em propagandistas de religiões, seitas ou outras agremiações “que querem salvar a humanidade” ou estão ao seu serviço; não voto em “iluminados” mas em pessoas comuns; não voto em catastrofistas ou profetas de dilúvios a haver; não voto em subservientes ou pessoas com espinal medula mental derreada pela ganhuça ou pelas conveniências. Só depois desta joeira é que vou ver em que partidos possam estar filiados ou pelos quais são candidatos aqueles em quem poderei votar. E se o candidato defende uma coisa e o partido outra, então também não voto nele para não comprar contradições. E, obviamente, não voto em bandeirinhas.

         Aqui há uns anos pediram-me para apoiar um candidato e assinar o respetivo manifesto. Quando o li verifiquei que nunca subscreveria uma coisa daquelas e expliquei-lhes a minha negativa por escrito: para um cargo com uma boa necessidade de universalidade não subscrevo candidaturas com princípios paroquiais, bairristas ou de regionalismos exacerbados, nem que se servem do apoio, ainda que simbólico, de instituições que não cumprem com as suas obrigações sociais, como alguns clubes de futebol; não subscrevo candidaturas que tratem a Cultura como um fait divers ou uma ocupação para desocupados, ou um anel para por no dedo das conveniências; ou para dar ocupação a velhinhas que se acham muito importantes mas que não se sabe bem porquê; não voto em candidatos que defendem mitologias ou obscurantismos, ou políticas do faz de conta para cumprir metas; não voto naqueles que, tendo já passado pela política ativa, deles não dei conta, ou então dei, mas por questões a não repetir. E não voto em males menores, mas sim em bens promissores. Já me tenho enganado? Já. A seguir procuro corrigir. Mas mesmo com escolhas desmotivantes, nunca deixei, nem deixarei, de cumprir o voto.

         O votar numa eleição não é como apostar num cavalo de corrida, a ver se ele ganha. É certo que entre nós se cultiva muito a figura do chefe, do presidente, do líder. Mas também é verdade que todo o navio que quer vencer procelas tem de ter um comandante experiente e eficiente. Mas se este não tiver uma boa equipa de imediatos a embarcação ou vai aos zig-zagues, ou erra o destino, ou encalha, ou vai ao fundo. Quando chega a bom porto é certamente mérito do comandante, mas também da tripulação, e não dos passageiros ou dos armadores. Procuro, pois, votar, não numa só pessoa, mas em equipas com comandantes e adjuntos credíveis, considerando-os a todos, e não apenas o primeiro.

         E também não sou fundamentalista de coisa nenhuma. Tenho para mim que «… um homem realmente não pode ter a rigidez impassível de um princípio. Os princípios são insensíveis e intangíveis – e os homens são um feixe de nervos sujeitos a todas as influências, mesmo as da chuva e do vento. É absurdo pretender que um poeta seja tão poético como os seus poemas, um padre tão transcendente como o seu dogma – e que um estadista, elevado ao poder para representar uma ideia, se torne tão impessoal como ela, e como ela prossiga impassivelmente na sua evolução, mesmo quando a Terra trema e os céus em torno caiam. (Eça de Queirós, Cartas de Paris, Cartas Familiares).

         Como profissional da Cultura - e a minha vida tem sido a minha profissão -, vou catar nos programas dos candidatos os seguintes simples aspetos: qual o conceito ou conceitos que dela têm? Quais as instituições que acham que a representam e a rejuvenescem? Quem acham que são os seus agentes e que papel ativo lhes reservam se forem eleitos? Outros votarão por outras razões, princípios, slogans, ou sabe-se lá que mais. Eu voto naqueles que me satisfazem naquelas perguntas. São esses os que eu apoio. Mas, se não encontrar os candidatos ideais entre todos os partidos que concorrem, há de haver uns que se aproximam mais das minhas convicções do que outros. E não estamos em época de esperar termos o céu na terra.

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Palestras, Conferências e Colóquios

Curso sobre História Local e Regional

Prossegue aos sábados à tarde no Solar Condes de Resende o curso livre evocativo dos 40 anos das 1.as Jornadas de História Local e Regional organizadas em 1983 pelo Gabinete de História e Arqueologia com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Assim, no passado dia 6 de janeiro, o arqueólogo e historiador Dr. Manuel Luís Real falou sobre «A Alta Idade Média entre nós: perspetivas acerca da evolução do território pré-nacional, a norte do Tejo»; no dia 20 de janeiro o Prof. Doutor Luís Amaral falou sobre «Estruturas de organização social, de ordenamento territorial e de exercício de poder: os municípios em Portugal, entre os séculos XI e XIV». O curso prosseguirá no próximo dia 3 de fevereiro com o Prof. Doutor Amândio Barros a falar sobre: «O Rio Douro e a Expansão». O curso em preparação para o ano 2024/2025 deverá abordar de forma multidisciplinat os 50 anos do 25 de Abril de 1974.

Conferências El Corte Inglés

         Estão a decorrer em Vila Nova de Gaia e em Lisboa, nas salas de Âmbito Cultural desta empresa, várias conferências e cursos de curta duração ministrados por vários oradores. Entre os dias 8 e 12 de janeiro passados, o egiptólogo e orientalista Luís Manuel de Araújo, falou em Lisboa sobre «Onde tudo começou: as civilizações da Mesopotâmia», curso breve que repetiu em Gaia entre os dias 15 e 19 do mesmo mês. Também em Gaia, a 22 de janeiro e a 5 de fevereiro, o historiador da Arte José Manuel Tedim dissertou sobre «Arte Portuguesa no tempo de Luís Vaz de Camões». No dia 19 de março o historiador, arqueólogo e divulgador cultural Joel Cleto falará em Lisboa sobre «O Porto em Lisboa, Lisboa no Porto».

Palestra da última quinta-feira

         Hoje, 25 de janeiro, na habitual palestra da última quinta-feira do mês organizada pela associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, presencial no Solar Condes de Resende e via Zoom, a historiadora da Arte Dr.ª Vera Gonçalves falará sobre «[…] Para gozo do público e consulta dos estudiosos: Diogo de Macedo sobre as casas-museu. O caso da Coleção de Arte de Fernando de Castro», abordando a ação desde escultor, museólogo e teórico da Arte na sua conceção sobre a importância daquelas instituições culturais.

Reuniões e Celebrações

Velhotes de Valadares

No passado dia 15 de janeiro a direção da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana fez-se representar na tomada de posse por vários membros dos seus corpos sociais na tomada e posse dos novos eleitos da Confraria dos Velhotes de Valadares, Vila Nova de Gaia. Para além dos habituais discursos próprios do momento, atuou um grupo de cantores de Janeiras do rancho folclórico local e um saxofonista. Seguiu-se a degustação daqueles doces tradicionais e o convívio entre os presentes.

Autores, Livros e Revistas


         A obra de Eça de Queirós continua a proporcionar novas edições com novos formatos, apresentações e arranjos temáticos, como é o caso desta recente Eça de Queiroz Correspondência. Cartas aos Vencidos da Vida. Colectânea Inédita, a coletânea, não as cartas, pois como está escrito no «Preambulo do editor» Francisco Abreu, já todas elas se encontram na «excelente edição de A. Campos Matos», editada em 2008. Um pequeno apontamento sobre «Os Vencidos da Vida», seguido de breves «Biografias» dos ditos. a cronologia «Eça onde estava e o que fazia» e alguma iconografia, antecedem as cartas dirigidas a Carlos de Lima Mayer, Carlos Lobo d´Ávila, Conde de Aroso, Conde de Ficalho, Conde de Sabugosa, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, José Duarte Ramalho Ortigão e Marquês de Soveral. Até à data não se conhecem cartas dirigidas por Eça a Guerra Junqueiro e a António Cândido. Edição de Manufactura, chancela da Europress, Lisboa, 2023.


         As comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril de 1974, um dos mais importantes acontecimentos da História de Portugal do século XX, são certamente um bom pretexto uma necessidade para a revisitação dos acontecimentos, dos seus protagonistas e das suas ações, sobretudo por parte daqueles que os viveram ou neles tomaram parte ativa. É o que aborda este novo livro do Eng.º Ricardo Charters d’ Azevedo onde recorda e interpreta os acontecimentos entre duas datas balizadoras na região de Leiria, mas ode chegavam as interrogações e as vontades que a mudança proporcionou naqueles dias.

Distinção

A APPM (Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing) atribuiu recentemente ao Prof. Doutor Carlos Brito o certificado de “Senador de Marketing”, distinção que assim se junta ao já grande palmarés detido por este professor especialista nesta área do Economia.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 185, quinta-feira, 25 de janeirro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: João Fernandes.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Eça & Outras 25 de dezembro de 2023

Brinquedos

Desde a Pré-história que os humanos acumulam objetos que nunca foram essenciais para a produção ou recoleção de alimentos nem para a construção de abrigos de sobrevivência contra as intempéries, mas aos quais dedicaram afetos, atenções, muitas das suas horas de vida e razões de viver. Uns chamar-lhes-ão objetos devocionais ou votivos, outros simbólicos, obras de arte, outras denominações. Se não serviam para diretamente lhes darem de comer ou para lhes protegerem o frágil corpo, serviam para entretenimentos vários, psicológicos, religiosos, culturais, sociais ou patológicos. Variados nos seus materiais e envergaduras, chamemos-lhe simplesmente brinquedos, pois, ao fim e ao cabo, todos se destinavam a isso mesmo, a serem utilizados como suporte material das suas angústias e orfandades, fossem elas biológicas, pessoais, sociais ou culturais, neste último caso quando têm suficiente carga informativa ou simbólica capaz de algum futuro.

Abandonado o conforto da fogueira, a pele de bicho peludo para dormir e a profusão de pinturas parietais na caverna ou de gravuras nas rochas da periferia da cabana, os humanos deambulantes passaram a juntar brinquedos em santuários ou a transportá-los consigo de terra em terra, de casa em casa. É certo que também tiveram de transportar as ferramentas, as armas, as vestes, os arreios, as tendas, outros objetos que, por esse motivo, se chamariam móveis e mobiliário, quantas vezes no dorso de animais, que por isso mesmo também seriam objeto de considerações. Ou nesse maravilhoso objeto chamado carro, rapidamente também embrinquedado devido à sua utilidade simbólica muito para lá da utilidade prática, que depois se estenderia aos barcos, aos aviões, aos aparelhos voadores até aos nossos dias e do futuro.

Mas longe vão os tempos das frugalidades e hoje, salvo os milhões de pessoas em situação de pornográfica pobreza ou de desistência, uma boa quantidade de humanos vive em simulações de palácios cheios de móveis, aparelhos e objetos, quantos deles bugigangas, souvenires, tralhas para brincar e afagar nas suas solidões. Para além daquelas que alguns herdam, outros compram-nas e armazenam-nas e outros produzem-nas, enquanto a acumulação vai ganhando foros de pesadelo. Todos nós temos amigos que vivem esse drama e eu próprio é melhor ficar-me por estas reflexões e esconder a minha realidade como quem esconde qualquer coisa de muito pessoal ou vergonhoso. Artistas, pintores, ceramistas, bibliófilos, colecionadores de garrafas com bebidas ou barcos, enchem todos os espaços livres das suas moradias com coleções incríveis de livros, presépios, chapéus, pratos velhos, santos de várias crenças, mudos violinos, tambores magrebinos, cangas minhotas, tégulas de Pompeia, calendários autografados de Sophia Loren, mas também de barbies de plástico ou porcelana, armas antigas, comboios elétricos, postais, emblemas e quadros, muitos quadros a óleo, estampas e fotografias, desde incêndios em florestas que nunca viram até às eternas flores, frutos e naturezas mortas ou vivas, que a menina nua é só para gabinetes mais restritos. Não possuem Rembrands originais, mas sempre têm um ou outro quadro da freirinha que pinta angústias florais.

Bem podíamos atentar na prédica de Ega, quando ele, «…passeando pela sala, com as mãos enterradas nos bolsos do seu prodigioso robe-de chambre [dizia], eu não tolero o bibelot, o bric-à-brac, a cadeira arqueológica, essas mobílias de arte… Que diabo, o móvel deve estar em harmonia com a ideia e o sentir do homem que o usa! Eu não penso nem sinto, como um cavaleiro do século XVI, para que me hei de cercar de coisas do século XVI? Não há nada que me faça tanta melancolia, como ver numa sala um venerável contador do tempo de Francisco I recebendo pela face conversas sobre eleições e altas de fundos. Fazem-me o efeito dum belo herói de armadura de aço, viseira caída e crenças profundas no peito, sentado a uma mesa de voltarete a jogar copas. Cada século tem o seu génio próprio e a sua atitude própria.» (Eça de Queirós, Os Maias).

De modo que, se quiserem um conselho de um alarmado com situações destas com que se vai deparando, sus e alheias, na próxima mudança de casa, abdiquem dos brinquedos que tiveram (ou que não tiveram) desde meninos, comprem apenas uma boas botas, roupa confortável para inverno e verão, uma mochila não muito grande, os cartões de crédito, o IPad e o telemóvel que fotografa e filma, um livro que valha a pena, e acampem em vossa ampla e nua casa, enquanto no écran vêm as séries Os Tudors ou A Ovelha Choné, ou ouvem o último CD com a música de Pinho Vargas, como se estivessem a caminho das estrelas e de outras galáxias onde já existem tralhas que cheguem sob a forma de poeiras e meteoritos e restos esquecidos de naves e satélites.

E mesmo o nosso Eça não pode ser levado muito a sério nas suas contradições: bem pregava frei Ega, mas na realidade também ele era um acumulador de livros, documentos e tralhas, viciado frequentador dos bouquinistes de la Seine, ajuntador de quadros e bibelots, chegando ao pecado venial de também os produzir, o que despertou as iras de Poseidon que acolheram no fundo do mar da costa vicentina o velho cargueiro fretado pelo estado Português a quem a sua viúva, no regresso de Paris e para poupar uns cobres ao futuro nubloso, confiou uma boa parte dos seus pertences. E andou ele a elogiar aqueles «…felizmente numerosos que têm a religião do objeto de arte, e para quem o colecionar é a forma superior do viver…» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas, Uma coleção de arte). São as religiões que criam os ateísmos e todos, crentes e descrentes, colecionam tralhas. Desde a Pré-história.

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

Arqueologia Paleocristã

Batistério Paleocristão do Castelo de Gaia, séc. VI;
fotografia Empatia, direitos reservados.

No princípio de dezembro uma equipa da empresa Empatia Arqueologia, Conservação e Restauro, liderada pela arqueóloga Sofia Soares e a realizar acompanhamento arqueológico no âmbito dos trabalhos de requalificação, renovação de estruturas e instalação de elevações mecânicas levados a cabo pelo Município de Vila Nova de Gaia em diversos arruamentos na área classificada do Castelo de Gaia, colocou a descoberto um batistério paleocristão datável da segunda metade do século VI. Estes trabalhos são também acompanhados por uma equipa do Gabinete de História, Arqueologia e Património (ASCR-CQ), dirigida pelo arqueólogo António Manuel S. P. Silva, que igualmente procedeu ao enquadramento do achado no trabalho global sobre a área que está a elaborar para a autarquia. Existem em Portugal diversos batistérios desta época mas quase todos na parte sul do país, sendo o da basílica de Conimbriga, até agora, o situado mais a norte. Este batistério poderá estar relacionado com o edifício da mesma época escavado nos finais do século passado no interior da igreja do Bom Jesus de Gaia por J. A. Gonçalves Guimarães, que sobre o mesmo publicou diversos estudos. Este achado, bem assim como outros da mesma cronologia aparecidos na mesma área, vêm reequacionar a problemática da difusão do cristianismo na região, bem assim como a questão da localização da primitiva diocese portucalense nos finais da Antiguidade Tardia e inícios da Alta Idade Média. Face à importância do achado vários profissionais da Arqueologia e de outros setores da Cultura expressaram já às autoridades competentes a sua oposição à desmontagem, preferindo a sua musealização in loco, conjuntamente com outros da sua periferia que aguardam igual oportunidade.

Curso sobre História Local e Regional


Com início no passado dia 14 de outubro pelas 15 horas, o Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia procedeu à sua abertura com uma lição sobre a evolução económica e social em Vila Nova de Gaia nos últimos 10 anos, seguida do lançamento do livro «O Património Régio dos Julgados de Gaia, e de Vila Nova, em 1346» da autoria do Professor Doutor José Marques, pelo seu editor, J. A. Gonçalves Guimarães. A 28 de outubro o curso prosseguiu com a aula da Professora Doutora Assunção Araújo sobre «Vila Nova de Gaia: geomorfologia e evolução do território»; a 4 de novembro com a aula do Prof. Doutor Sérgio Monteiro-Rodrigues sobre «A Pré-história do concelho de Vila Nova de Gaia»; a 18 de novembro a aula do Prof. Doutor António Manuel S. P. Silva sobre «O “tempo dos castros" em Vila Nova de Gaia: novidades e interrogações»; e a 16 de dezembro a aula do Prof. Doutor Rui Morais sobre «Os Romanos entre nós. Glocalização e ecologia marítima no contexto da navegação e comércio romano na Fachada Atlântica do NW Peninsular»
O curso prossegue no sábado 6 de janeiro com uma aula pelo Prof Dr. Manuel Real sobre A Alta Idade Média.

Palestras, Conferências e Colóquios

250 Anos de Nasoni

No passado dia 27 de outubro decorreu no Palácio do Freixo no Porto a sessão de encerramento do programa desenvolvido em 2023 para assinalar os 250 anos da morte do arquiteto Nicolau Nasoni que concebeu a Torre dos Clérigos e muitos outar obras emblemáticas do barroco português. Estiveram presentes, entre muitas outras personalidades e representantes de instituições que ao longo do ano colaboraram na programação, o historiador Joel Cleto, que coordenou o programa de visitas guiadas a espaços nasonianos, e outros investigadores, nomeadamente os historiadores José Manuel Alves Tedim, da Universidade Portucalense, Nuno Resende, da Faculdade Letras da Universidade do Porto, e Francisco Queiroz.

Henrique Galvão

No passado dia 9 de novembro na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, o Doutor Adrião Pereira da Cunha proferiu uma conferência sobre «Henrique Galvão - revolucionário, intelectual (novas revelações)». Doutorado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, leciona no ensino superior e é autor, entre outras obras, de Humberto Delgado no Portugal de Salazar e de Humberto Delgado nos bastidores de uma campanha. Desta feita apresentou Henrique Galvão como figura complexa e controversa da oposição ao salazarismo, de que começou por ser admirador, protagonizando em 1961 um dos atos mais espetaculares de repercussão internacional da luta política em Portugal, o assalto ao paquete “Santa Maria”.

Palácio de Cristal do Porto

No dia 16 de novembro, também na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, dissertou a propósito da exposição de fotografias de Tavares da Fonseca sobre «O Palácio de Cristal Portuense: imagens da sua destruição», de que foi curador, e que documentam o desmantelamento desta construção da Arquitetura do Ferro..

J. Rentes de Carvalho, escritor. Personalidade do Norte 2023

Como noticiamos na página anterior, no passado dia 24 de novembro a CCDR-Norte I. P. atribuiu o galardão de Personalidade do Norte 2023 ao escritor José Rentes de Carvalho, nascido em Vila Nova de Gaia a 15 de maio de 1930 e a viver em Amsterdam, com visitas regulares a Estevais do Mogadouro, a aldeia dos seus ancestrais. No passado dia 29 de novembro na habitual palestra da última quinta-feira do mês no Solar Condes de Resende, J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre a vida e obra do escritor e das ações da Confraria Queirosiana, de que é secretário e o homenageado Confrade de Honra, na preservação, estudo e divulgação do seu espólio de que a instituição é fiel depositária.

Natal, Janeiras e Reis: palestra-concerto

No próximo dia 28 de dezembro, também na última palestra da última quinta-feira do mês deste ano no Solar Condes de Resende, o Dr. Henrique Guedes falará sobre «"Das partes do Oriente": tradições poético-musicais do natal português», sendo a sessão abrilhantada pelo grupo musical da Confraria Queirosiana “Eça Bem Dito”, do qual o palestrante faz parte, dirigido pela pianista Maria João Ventura, e que entoará canções portuguesas, brasileiras e internacionais sobre o tema.

Reuniões e Celebrações

Focus Group Cultura 2035

No passado dia 16 de novembro a direção da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, a convite da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, participou numa reunião do Focus Group Cultura 2035, dinamizado por uma empresa de comunicação contratada para o efeito e que decorreu no Arquivo Municipal, tendo estado também presentes diversas outras instituições e associações que normalmente desenvolvem programas de profissionais e amadores da Cultura. Esta reunião destinou-se a uma primeira abordagem para sugestões a incorporar numa agenda cultural a médio e longo prazo.

Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, 25 anos


No passado dia 30 de novembro decorreu no Auditório Municipal de Gaia a gala de celebração dos 25 anos desta federação, por sua vez filiada na Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto que nestes  dias comemora o seu 100º aniversário. Presentes numerosas associações e outras coletividades, entre as quais os Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana representados pelo secretário da direção e pela funcionária, mas igualmente presentes outros dirigentes em representação das mais diversas coletividades.



FAMP

No passado dia 6 de dezembro reuniu em Lisboa no Museu dos Coches a direção da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP) na qual esteve presente o secretário da ASCR-CQ. Entre outras questões foram abordados os seguintes pontos: presença ativa da FAMP a 16 de novembro no 1.º Encontro de Grupos de Amigos dos Museus, Monumentos e Palácios da Direção Geral do Património Cultural que se realizou no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, representada pela sua presidente Dr.ª Maria do Rosário Alvellos, com intervenção num painel que refletiu sobre o futuro dos grupos de amigos; preparação do Encontro e Assembleia Geral da FAMP que terá lugar na Fundação das Casas de Fronteira e Alorna no próximo dia 16 de março; prémio FAMP da sustentabilidade nos museus, que será lançado em 2024 e atribuído em 2025; perspetivas de adesão de novos grupos de amigos à FAMP; necessidade de abordagem da questão das sedes dos grupos de amigos e da sua interação com a direção dos museus, monumentos e palácios; organização de uma publicação sobre a FAMP no presente mandato.

Tuna Musical de Santa Marinha

No passado dia 8 de dezembro realizou-se a sessão evocativa dos 99 anos da Tuna Musical de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, com a presença de diversas personalidades que marcaram presença no evento, nomeadamente o presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, Dr. Albino Almeida, a vereadora da Cultura do Município, Eng.ª Paula Carvalhal, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Dr. Manuel Moreira, e o Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães em representação da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana. A festejada coletividade popular gaiense está a preparar o programa do seu 100º aniversário.

Jantar de Natal no Solar Condes de Resende

Como já se tornou tradição, no passado dia 13 de dezembro reuniram-se em jantar de Natal no bar do Solar Condes de Resende os funcionários da casa e os membros dos corpos gerentes da ASCR-CQ, comendo bacalhau com batatas, rabanadas e outras iguarias próprias da época confecionadas pela cozinheira Doroteia Santos, agora já reformada, mas sempre prestável para estas ocasiões. Estiveram igualmente presentes a vereadora Eng.ª Paula Carvalhal, o Dr. João Fernandes, atual diretor do Solar, D. Amélia Cabral ex-tesoureira da Confraria, a funcionária Dr.ª Maria de Fátima Teixeira e o confrade convidado Dr. Ricardo Haddad. Depois da troca de lembranças, os comensais continuaram em animado convívio refletindo sobre os próximos objetivos da associação.

Autores, Livros e Revistas


Editado com o apoio de, entre outras entidades, a Escola Secundária Eça de Queirós e o Centro Cultural Eça de Queirós, ambos em Lisboa, através da diretora do jornal As Artes Entre As Letras, Dr.ª Nassalete Miranda, chegou-nos às mãos o interessante livro Memórias de um Condomínio. 40 Anos. Juntos a Construir Harmonia, Amizade, Futuro 1969-2009, editado em 2010 pela associação Sala de Convívio do Lote 398 da Rua Vila de Catió, Olival-Sul, Lisboa, com colaboração dos moradores mas também de muitos dos seus convidados palestrantes e cantantes, nomeadamente da canção coimbrâ, como Fernando Rolim, Luiz Goes e outros. Um documento raro de um associativismo pouco conhecido.

No passado dia 24 de novembro, na sede da associação O Progresso da Foz, Porto, foi lançado o livro História do Batel Vai Com Deus e da sua Companha, da autoria de Raúl Brandão, comemorativa dos 100 anos do centenário de Os Pescadores, edição com um estudo do Dr. Joaquim Pinto da Silva, que fez a apresentação da obra.

Vito Olazabal

No jornal O Tripeiro (7.ª Série, Ano XLII, n.°11), do passado mês de novembro, Manuel de Novaes Cabral publicou o artigo «Vito Olazabal, plantar e colher», uma homenagem pessoal, mas certamente partilhada por muitos dos que conhecem Francisco Javer de Olazabal y Rebelo Valente, o “granjola” que transporta consigo memórias de D. Antónia, Rebelo Valente e várias outras figuras portuguesas e ibéricas, «uma vivência rica e multifacetada» consubstanciada numa personalidade muito própria e no seu vinho Quinta do Vale Meão.


Da autoria de Inês Vinagre, e acabado de publicar, «”Menino Simão… Crescer é que não!” conta-nos a história de um alegre menino de sete anos que, depois de ver a sua irmã mais velha sair de casa para estudar noutra cidade, decide não querer crescer nunca mais, receando perder o amor dos pais. Na companhia do seu gato Capitão e por entre mil e uma peripécias, Simão tentará de tudo para evitar que o seu oitavo aniversário aconteça! Esta é uma história de pequenas grandes aventuras, mas sobretudo de união e afeto, que nos relembra o conforto que sempre encontramos na família e nas pessoas que nos são mais queridas».


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Eça & Outras, III.ª série, n.º 184, segunda-feira, 25 de dezembro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.